segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Una visión personal y contemporánea

El trabajo de Walmor Corrêa surge a raíz de una leyenda antigua del sur de Brasil. Es la leyenda de una “princesa moura encantanda”, llevada por un grupo de españoles de Salamanca al sur de Brasil. Fueron recibidos por los indios de la zona, el brujo de los cuales, para probar el poder de su magia, convirtió la princesa en un ser híbrido, medio mujer, medio salamandra, convirtiéndose así en la denominada Salamanca do Jarau o Teiniaguá, el nombre con el que la bautizaron los indios. Con el tiempo, y tras varias circunstancias, acabó siendo encerrada durante muchos años en una mina, antes de que pudiera romperse el encantamiento, momento en que la princesa descansará en paz para siempre.

El artista se siente atraído especialmente por esta leyenda porque el personaje central es un ser mágico, híbrido de humano con animal, tema recurrente en la poética de sus obras.

A raíz de la leyenda, el artista decide hacer el viaje que realizaron los españoles, esta vez a la inversa: partiendo de Brasil hacia la Península.

Durante su residencia el proyecto parte de una investigación a través de un grupo de mujeres del barrio barcelonés de la Mina, quienes sólo viven para trabajar, en una situación de exclusión social. En situaciones de este tipo suelen manifestarse, además de tristeza, ansiedad o depresión, otras muchas dolencias. El trabajo se centra en este paralelismo entre estas mujeres -a través del significado de sus dolencias-, y Teinianaguá, a quién se le quitó el derecho a ser mujer, lo que lleva al artistaa plantearse cómo debería sentirse esta princesa en su nueva condición

* * *

Actualmente, el artista se encuentra en el proceso de realización del retrato del híbrido de Teiniaguá, en el cual plasmará las dolencias más comunes expresadas por el grupo de mujeres de la Mina.

Durante su presentación hablará de este proceso de investigación y explicará más detalladamente su visión del paralelismo con la leyenda de Teiniaguá.

Walmor Corrêa, participó en la XXVI Biennal de São Paulo y ha expuesto en las ciudades más importantes de su país de origen (Río de Janeiro, Oporto Alegre, São Paulo, Bélem o Brasilia) así como a los Estados Unidos (H&R Block Artspace de Kansas City o Bates College Museum of Art de Lewinston en Maine). Su obra también ha visitado varias de las capitales sudamericanas (Buenos Aires, Argentina; Santiago de Chile o Quito en Ecuador) y europeas como Viena o Berlín.

Su residencia en Can Xalant finalizará el 24 de noviembre de este año.

Notinhas sobre Sarau de Futuros Wikinique do dia 12 de outubro




Nosso primeiro Sarau foi muito interessante: convívio, conversas, comidinhas. Vai ficar ainda melhor à medida que vamos aperfeiçoando o “como fazer”.

Começamos conhecendo a experiência da Eletrocooperativa e seu processo de criar música de futuro, e para o futuro, através de experiências de convívio. Dêem uma olhada no vídeo
http://br.youtube.com/watch?v=cSPKkNqSuVs

Depois, a partir de uma discussão sobre Gestão de Conhecimento, com a Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento foram desenhados alguns futuros interessantes. Segue abaixo um “aperitivo” do que foi dito (para dar vontade de saber mais...):

Futuro Desejável da Adriana, Camila, Jabar, Victor Hugo, Carolina e Reinaldo:
- Formação de Vetores de Conhecimentos e não repetidores do conhecimento.
- Quintais de aula ao invés de salas de aula, sair a campo, convidar informantes da cultura.
- Professores que fizeram 10 “obras” e não aqueles que têm 10 títulos e nenhuma “obra”.
- Ioga para todos aprenderem a respirar e se conhecer internamente.
- Unificar conceito de escola pública x privada.
- Na escola do Futuro criar a matéria obrigatória Estímulo.
- Criação de um oitavo dia da semana (a primeira-feira ou o umingo), para vivências e filosofar. Assim, estaríamos “rejuvelhescendo”.

Futuro Desejável da Rita Mendonça:
- Que as pessoas aprendessem a ouvir umas as outras, numa escuta ativa, viva, entrar no pensamento do outro. Não se preocupar tanto em defender suas próprias idéias, que já vieram prontas.

Futuro Desejável do Thomas de Souza:
- Wikiágora do Futuro – Wikipraças – Produção colaborativa de conhecimentos livres em praças públicas. Isso já pode acontecer no Centro Cultural São Paulo, que está oferecendo espaço e wi-fi.

Futuro Desejável do Robinson, Aracy, Cláudia, Jacs:
- Instalação do Intangível – Uma feira onde as pessoas tragam em caixas, seus conhecimentos para a criação de um memorial do futuro. Uma instalação cênica de percepção e conhecimento pessoal. Uma espécie de karaokê multimídia do futuro.

Futuro Desejável do Cláudio Próspero e Alessandra.
- Rever formas para ter mais estímulo, sair do molde estabelecido da educação.
- Usar a tecnologia para fazer os serviços repetitivos, tudo que possa funcionar sozinho, que funcione.
- Conector - mentor ao invés de professores.

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Para o próximo (dia 9 de novembro), propomos que a gente comece conversando e levantando temas que provoquem a criação de futuros.

Rita Mendonça, do Instituto Romã, vai fazer uma introdução sobre Técnicas de Diálogo e Escuta. Em seguida partiremos para a parte criativa, que percebo que deve ser o foco dos Wikiniques (para que a gente fuja da armadilha de ficar falando sobre “o quês” e não criando “comos” para o futuro).
Estamos trabalhando em dinâmicas criativas que permitam o maior uso de linguagens visuais

E finalmente a idéia de que, a partir do próximo, o maior número de pessoas venham com computadores e câmeras para que se possa gerar, em tempo real, os materiais para postagem na WikiFuturos.

Se você quiser fazer parte desta rede, mande um email para: criefuturos@enthusiasmo.com.br
www.criefuturos.com.br

Um pouquinho das experiências vividas no I Seminário do Crie Futuros



Realizamos nos dias 22 e 23 de setembro de 2008, o Seminário Internacional Interativo Crie Futuros Economia Criativa, o primeiro encontro da rede Crie Futuros, projeto que busca a partir da criatividade motivar, orientar escolhas e inspirar inovação.
O encontro concebido e moderado por Lala Deheinzelin foi muito emocionante, já que fez parte de um sonho que começa a ganhar forma.
Contamos com a participação de convidados ilustres nacionais e internacionais, alguns virtualmente.
No primeiro dia tivemos uns probleminhas de conexão, já que eram mais de 13 milhões de pessoas conectadas via Skype, mas finalmente, no segundo dia fomos salvos pela “Nossa Senhora da Boa Conexão” que resolveu nos dar uma mãozinha e fluiu melhor do que o esperado. Resultado: os futuros de nossos convidados enchessem de lágrimas nossos olhos e surpreendessem.
Vamos fazer newsletters tendo a cada vez uma participação e alguns futuros criados durante a dinâmica.
Começamos com:

Angel Mestres - Transict Proyecte, Barcelona www.transit.es
Vejam no site que genial é o vídeo que fizeram explicando o que é cultura. Angel entrou de cabeça no jogo e elaborou 8 propostas para a Cultura do Futuro que além de um manifesto resultou em um vídeo interessante e criativo disponível no link: http://vimeo.com/1785565 . E um manifesto cujo texto está ao final deste newsletter.
Alguns Futuros Criados:
“Umbigo” de Luis Emiliano Costa Avendato

“Criar Flores, que com os seus cheiros possam transformar os humores e os humanos. A flor lilás leva ao relaxamento total, assim nos desintegraremos aqui e reintegraremos onde quisermos. Estado, País, planeta? Depende de nós criarmos flores transformadoras!” – “A Flor Lilás” de Maria da Paixão de Jesus
Ilustração: “Entrada e Saída”

Fique com o texto de Angel e nos encontramos no próximo Encontro Crie Futuros, cuja dinâmica vai trabalhar CRIATIVIDADE E CULTURA DE PAZ , dia 29 no Centro de Cultura Judaica.
Angel Mestres, CREAR FUTUROS. Prospectiva cultural: ¿Cómo será la cultura del futuro?
(Textos y voz en off incluidos en el vídeo.)

- ¿Cómo será la cultura del futuro? ¿Qué nuevas creaciones culturales nos traerá el modelo de creación colectiva?
¿Cómo transformarán las nuevas tecnologías el desarrollo local?
¿Cómo transformarán las nuevas tecnologías el desarrollo local?
Internet ha transformado el proceso de creación y difusión cultural. Gracias a la red hemos dejado de ser meros consumidores para poder ser también productores y distribuidores.
¿Qué es la cultura?
La cultura es un mecanismo de adaptación. Es la herramienta que nos sirve para producir e intercambiar símbolos.

8 propuestas para un futuro cultural.
Propuesta 1. Espacio público híbrido.
Reclamar y transformar el espacio público combinando la acción local en el espacio con la organización y comunicación mediante tecnologías digitales. El móvil evolucionará como sistema de localización de personas con intereses y actitudes similares. Un FACEBOOK en el espacio real, que permitirá también la creación de complicados juegos y performances parcialmente online y parcialmente presenciales.
Propuesta 2. Storytelling digital.
Creación de narrativas de forma colectiva, de forma audiovisual, para potenciar la inclusión social y la creatividad. Performances y creaciones en directo en tiempo real entre personas a miles de kilómetros entre sí. Nuevas tecnologías basadas en teléfonos móviles facilitarán establecer este tipo de enlaces de interacción directa entre el primer mundo y los países en vías de desarrollo.
Propuesta 3. Cultura del remix.
Las tendencias apuntadas en acciones y movimientos como el Copyleft, Creative Commons acabarán generando toda una nueva forma de considerar la cultura; en lugar de productos acabados tendremos piezas de un puzzle con piezas de música, sonido, fotografía, cine, animación, etc. para que cada uno construya sus propias obras.
Propuesta 4. Electrónica DIY.
La introducción de hardware como Arduino y el desarrollo de lenguajes de programación potentes pensados para artistas y diseñadores como Processing harán que cada vez sea más común que en lugar de comprar los productos digitales acabados nos construyamos los nuestros. El abaratamiento de las impresoras 3D permitirá que cada uno piense su propio diseño de objeto y lo haga realidad, nos tunearemos la ropa añadiéndole componentes electrónicos como reproductores de MP3, sensores, etc.
Propuesta 5. Geomedia.
La inclusión de GPSs en cada vez más aparatos electrónicos, la mejora progresiva de Google Earth y otros programas de posicionamiento espacial posibilitarán crear un nuevo tipo de proyectos artísticos multimedia que sabrán en todo momento dónde están, siendo capaces de reaccionar y ofrecer información contexualizada al lugar en que nos encontramos.
Propuesta 6. E-emoción.
Proyectos artísticos multimedia capaces de reconocer en qué emoción nos encontramos y producir contenido adaptado a esas emociones. Cámaras que hacen fotos automáticamente cuando observan un aumento de nuestro interés por un objeto o situación concreta, un equipo musical que detecta nuestro estado anímico y pone una música adecuada a éste, etc.
Propuesta 7. Cyborgs.
La inclusión de sensores, robótica y multimedia en las artes performativas será cada vez más acusadas. Una vez acabada la novedad, empezarán a aparecer propuestas realmente interesantes en los que el uso de estos elementos tecnológicos no estarán simplemente porque queda bonito, sino asociados a la historia, transformando así artes como el teatro, la danza, etc.
Propuesta 8. Diversidad.
Todos los puntos anteriores se orientan definitivamente por las nuevas tecnologías, el avance que estos medios han alcanzado propicia su desiciva incorporación en las actividades cotidianas. El verdadero sentido de la cultura del futuro radíca en el uso de esos medios. Se trata de un cambio de paradigma que los plantee como facilitadores de la inclusion, de la democratización de los medios, de la interculturalidad y del fomento a la diversidad. Personas que e cada vez se incluyan más en el fenómeno global gracias a la reducción de distancias propiciada por estas herramientas.
Consiguiendo utilizar las confrontaciones propiciadas por dichas miradas para entender sus propias realidades. Multilinguismos, nuevos nomadismos, migraciones, diversidad y cultura de todos y para todos.

Estatísticas da Avaliação dos participantes:
73% concordam com “Se não mudarmos de direção, acabaremos onde estamos indo” (provérbio chinês)
83% dizem que O Seminário o motivou acreditar que um outro mundo é possível
61% responderam que as informações e vivências serviram para orientar escolhas em algum âmbito de sua vida
Para 78% estas vivências Inspiraram inovação em algum âmbito da sua vida ou do trabalho.

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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Cidades criativas e o jogo dos sete erros

Cultura e Mercado - Ana Carla Fonseca Reis

Detroit. Uma cidade que já foi um ícone mundial da industrialização e ainda hoje é o berço automobilístico das quatro rodas dedicou os três últimos dias a um tema estonteante: cidades criativas. O momento não poderia ter sido mais oportuno: meses após as estatísticas terem revelado que mais de 50% da população deste planetinha azul vive em cidades e semanas após a explosão de uma crise que aqui está sendo comparada à de 1929.

Os sinais começam a se fazer sentir: se no Brasil fomos surpreendidos com a corrosão do valor do real em 48% em um mês, na sede da indústria automobilística boqueabertos estadunidenses ouvem rumores de que a combalida General Motors está em vias de comprar a Chrysler e prestes a se fundir com a Ford, três titãs do setor. Resumo de uma longa e ainda desconhecida ópera da qual todos nós seremos protagonistas: parece ter chegado a hora de admitir que, de fato, o modelo econômico com o qual trabalhamos até agora e que aos trancos e barrancos tentava sobreviver, está em seus estertores. Bem, se foi este modelo que nos levou a esta crise, não será ele que nos tirará dela.

É exatamente para tentar debater novos modelos e rotas de escape que surge o tema das cidades criativas: não como epicentro dos problemas, mas de suas soluções. Afinal, são justamente os centros urbanos, pequenos ou grandes, industriais ou de serviços, de países economicamente ricos ou pobres, onde se encontra a maior concentração de talentos e criatividade por metro quadrado. É nesses locais, movidos por inventividade ou necessidade, por opção ou falta dela, que pessoas das mais diversas vertentes se encontram, interagem, convivem. E é contando com esse substrato que várias cidades tëm tentado transformar seu tecido socioeconômico, baseado em uma das poucas coisas que não são padronizáveis: sua singularidade cultural.

Tal foi o foco do Creative Cities Summit 2.0, durante o qual os palestrantes, em uníssono, mostraram-se preocupados, mas otimistas – e também foi essa a tônica da minha fala. Aquele típico otimismo que nos leva a arregaçar as mangas, escancarar olhos e ouvidos e tentar encontrar outras formas de ver uma foto e encontrar os erros no jogo de sete erros. Um deles, já flagrado com letras de néon: o excesso de investimento na ciranda financeira e não em ativos reais, embora muitas vezes tão intangíveis como a criatividade e a cultura. O efeito disso pode ser sentido aqui, onde a população despencou de 2 milhões de pessoas para 800 mil, nas últimas décadas, levando ao virtual abandono de bairros inteiros. Hoje, parte das antigas fábricas está sendo transformado em condomínios e espaços alternativos, tentando resolver dois problemas ao mesmo tempo.

Outro erro, enfatizado com tanto fervor que me senti em casa, embora aqui como aí questionado e ainda não resolvido: a tendência vista quase como natural que nossos governos têm, com raríssimas exceções, de investir cifras astronômicas em infra-estrutura e tão pouco em quem tem de lidar com elas, como aliás foi reiterado por três dos mais lidos pensadores da economia criativa: Richard Florida, John Howkins e Charles Landry, juntos pela primeira vez.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Economia Criativa é a estratégia de desenvolvimento do século

A chamada "Economia Criativa" é, segundo tendências mundiais, o grande motor do desenvolvimento no século XXI. Segundo a ONU é um setor que já é responsável por 10 % do PIB mundial. A UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulga que, entre 2000 e 2005, os produtos e serviços criativos mundiais cresceram a uma taxa média anual de 8,7%, o que significa duas vezes mais do que manufaturas e quatro vezes mais do que a indústria.


Economia Criativa é um conceito ainda em formação para designar um setor que inclui, porém extrapola, a Cultura e as Indústrias Criativas. De forma muito simplificada, podemos dizer que se trata de um setor que reúne as atividades que têm, na cultura e criatividade, a sua matéria-prima. É um conceito amplo o suficiente para incluir nossa diversidade, tanto de linguagem quanto de modelos de negócios, englobando uma vasta gama que vai do indivíduo que trabalha educação complementar por meio de música a uma grife de automóveis de luxo.

Segundo o Creative Economy Report, lançado recentemente pela UNCTAD em parceria com a unidade que assessoro (South-South Cooperation Special Unit – PNUD/ONU), a Economia Criativa é formada por quatro núcleos de atividades e seus setores, que vão do mais tradicional à tecnologia de ponta, num desenvolvimento e ampliação que acompanham nossa própria história. São eles:

1) Núcleo do patrimônio material e imaterial: expressões culturais tradicionais (artesanato, festas populares, celebrações, cultura popular). Equipamentos culturais (sítios históricos) e espaços culturais (museus, livrarias, teatros, exposições).

2) Núcleo das artes: artes

performáticas (música, dança, teatro, ópera, circo). Artes visuais (pintura, escultura, fotografia, antiguidades).

3) Núcleo da Mídia (produção de conteúdos): editoras e mídia impressa (livros, imprensa e outras publicações); audiovisual (cinema, tv, vídeo, rádio).

4) Núcleo da Criatividade Aplicada: design (de interiores, gráfico, moda, jóias, brinquedos, móveis e objetos), serviços criativos (arquitetura, publicidade, pesquisa e desenvolvimento criativos, recreação, "edutenimento" – termo que funde educação e entretenimento e oferece inúmeras oportunidades de futuro); novas mídias (software, vídeo game, conteúdos digitais).

Por que é estratégica? –

O grande diferencial da Economia Criativa é que ela promove desenvolvimento sustentável e humano e não mero crescimento econômico. Quando trabalhamos com criatividade e cultura, atuamos simultaneamente em quatro dimensões: econômica (em geral, a única percebida), social, simbólica e ambiental. Isso leva a um inédito intercâmbio de moedas: o investimento feito em moeda-dinheiro, por exemplo, pode ter um retorno em moeda-social; o investimento realizado em moeda-ambiente pode gerar um retorno em moeda-simbólica, e assim por diante.


As características citadas permitem que, ao promover a inclusão de segmentos periféricos da população mundial, ela também forme mercados. Afinal, não é mais possível só brigar por fatias de um mercado que englobem apenas 30 a 40% da população mundial. É preciso fazer com que os 60 a 70% restantes adquiram cidadania de fato, conquistando também seu papel como consumidor.

Uma vez que cultura, criatividade e conhecimento (matérias-primas da Economia Criativa) são os únicos recursos que não se esgotam, mas se renovam e multiplicam com o uso, são estratégicos para a sustentabilidade do planeta, de nossa espécie e, conseqüentemente, das empresas também. São como a galinha de ovos de ouro. Os países desenvolvidos já perceberam o enorme potencial deste setor e muitos fizeram da Economia Criativa uma questão de Estado. O Brasil possui

um imenso potencial, mas a falta de informação de lideranças empresariais e governamentais resulta numa triste receita da culinária nacional: estamos fazendo canja com galinha de ovos de ouro. Isso acontece a cada vez que perdemos a oportunidade de inovar, agregar valor e competitividade por meio de investimentos em produtos e processos que tenham seu diferencial na cultura.

Eis porque a Economia Criativa é estratégica não apenas para os negócios criativos mas para todos aqueles que ganham competitividade por intermédio do que chamamos "culturalização dos negócios": valor agregado a partir de elementos intangíveis e culturais. É neste caso que se insere a indústria automobilística.

Economia Criativa, futuro e o setor automobilístico –

Vivemos um momento em que há um novo motor da Economia. Passamos por fases onde este motor foi sucessivamente a matéria-prima, depois o produto, em seguida os serviços e agora é a vez da Economia da Experiência: a experiência é o "bem" que tende a ser mais desejado, especialmente se forem experiências transformadoras. Exemplo: da matéria-prima café ao custo de US$0,1 à xícara de café consumida num café exclusivo em Veneza ao custo U$ 15... Os setores diretamente ligados à economia da experiência, como turismo e entretenimento, crescem a taxas seis vezes maiores que os outros. Vivências diferenciadas e valores simbólicos agregados aumentam a percepção de valor e fazem com que o intangível (como uma marca, ou o trabalho criativo) valha mais do que o tangível (como uma fábrica, ou o trabalho braçal).


A crescente importância do intangível traz um novo desafio para as empresas: a avaliação de intangíveis e seu papel dentro das organizações. Gestão

de conhecimento, rede de relações, reputação, governança, inovação, design, parcerias tecnológicas e comerciais, criatividade. Tudo isso vale, e muito. O BNDES, por exemplo, tem se dedicado a desenvolver métodos para mensurar esse valor e que também possam embasar o financiamento às atividades criativas.

Neste momento de transição, do tangível para o intangível, do concreto para o simbólico, também as relações de negócios se transformam. Temos um cenário onde produtos e serviços são cada vez mais semelhantes e o diferencial, que pode garantir tanto o desenvolvimento quanto a sobrevivência empresarial, será cada vez mais cultural, simbólico, baseado em relações e no tipo de experiência que o produto ou serviço oferece.

Um grande desafio empresarial no momento é conseguir ser visto (num mar de informações) e escolher (num mar de ofertas e oportunidades diversas). Hoje, o consumidor escolhe aquilo que lhe proporciona uma experiência mais interessante, desperta sua simpatia, gera um sentimento de confiança, identificação.

A escolha de uma empresa ou marca está ligada à sua cultura e relação com a comunidade, assim como aos valores culturais agregados ao negócio ou serve como base para inovação de

produtos, serviços e processos. É o que faz com que se pague dez reais por um sabonete Natura (e existem sabonetes de R$0,90). Uma Ferrari tem um preço diferenciado mas, como todos os outros carros, tem apenas quatro rodas e uma direção. Mas é mais que um carro; é um ícone. Evidentemente, com muita qualidade e tecnologia dando credibilidade a toda essa magia. Nestes e em outros casos, o design é um diferencial competitivo capaz de reinventar o negócio.

Nas últimas três edições do São Paulo Fashion Week, temos realizado Encontros de Economia Criativa com lideranças empresariais, governamentais, criativas e do setor financeiro para discutir o potencial que ela oferece e as estratégias para concretizá-lo. "Setores considerados tradicionais, revitalizados pela Economia Criativa têm, nos ativos intangíveis, uma nova forma de competitividade, inovando pelo design, processos, materiais, tornado-se setores dinâmicos, capazes de exportar, atrair investimentos, gerar empregos e, sobretudo, sobreviver à violência da atual concorrência internacional" (Lidia Goldenstein , In Mod.).

Outro vetor que tem grande influência no futuro do setor é a transição de uma economia de "hits" – alguns poucos produtos, massificados e que vendem muito – para o que tem sido chamado de Economia do Nicho (ou da "cauda longa" – Conceito criado por Chris Anderson, editor da Revista Wired, num livro homônimo): diversos, pequenos, segmentados. Nichos que individualmente vendem pouco, mas somados representam uma fatia atraente e promissora.

Como atender todas estas tendências e saber aproveitar as oportunidades que oferecem? A Economia Criativa nos oferece instrumentos para transformar nossa criatividade (potencial) em inovação (realidade).

Artigo publicado na revista Dealer.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O mercado pensa

Se os mercados dependem de ícones, nada mais adequado que transformar a ciência econômica numa disciplina criativa. O termo pegou e a São Paulo Fashion Week saiu na frente, desfilando idéias em dois generosos volumes de ensaios que acabo de receber.

A ambição é grande, como revela a linha fina que acompanha o título "Economia Criativa": trata-se de apontar "um caminho de desenvolvimento para o país através da moda e do design".

A expressão "economia criativa" é explicada pela economista Lídia Goldenstein como “um complexo de atividades profundamente ancoradas nas economias urbanas e que são propulsoras de inovação e da ampliação da capacidade produtiva do conjunto da economia nacional, inclusive de setores considerados mais tradicionais”.

Ou seja, qualquer empresa pode (deve) ser criativa, não apenas o cinema ou a moda.

Lala Deheinzelin, superintendente de cultura do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP, prefere uma argumentação mais pragmática, com foco mais restrito: "trata-se de um guarda-chuva que abrange atividades que têm a criatividade e os recursos culturais como matéria-prima".

Claro que, nesse contexto, a própria noção de "matéria-prima" está muito distante da usual referência à matéria, pois se trata de insumos que funcionam como ativos intangíveis, imateriais.

Um segmento importante da economia criativa, sublinhado por Lala, é o "formar conglomerados que detém uma parte ou a totalidade do controle acionário de empresas de moda".

O assunto ganha espaço no BNDES, embora ainda não tenha alcançado relevância em outras agências de fomento à inovação, como a FINEP (financiadora de estudos e projetos, do Ministério da Ciência e Tecnologia).

As publicações que acabam de sair resumem dezenas de intervenções de algumas das mais interessantes vozes, lideranças antenadas com a nova economia que depende mais de cérebro que de petróleo. As publicações não são acadêmicas, refletem sobre experiências práticas, com base em três pilares: qualidade, sustentabilidade e visão de futuro.

Artistas, empresários e consumidores estão criando novos mercados e preferências. Quem não acompanhar, vai quebrar, seja qual for o nível do preço do petróleo.

Por Gilson Schwartz, Iconomia